segunda-feira, 3 de setembro de 2018

A Teoria da Complexidade ou o Pensamento Complexo de Edgar Morin

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Complexo vem do Latim complexus, que quer dizer “aquilo que é tecido em conjunto”. Nós somos:
 Homo sapiens sapiens 
Porém, Edgar Morin diz que é sistemático demais possuirmos um sapiens ou dois, em nossa autodenominação; é preciso acrescentar um demens, ficando: Homo sapiens sapiens demens, o que mostra o quanto somos descomedidos, loucos. Todo homem é duplo: ao mesmo tempo que é racional apresenta certa demência.


Na busca do verdadeiro pensamento complexo de Morin, esbarramos no entendimento de outros conceitos, entre eles, é o de operadores de complexidade:
  • Operador dialógico que é diferente de operador dialético
  • Operador recursivo
  • Operador hologramático
O operador dialógico envolve o entrelaçar coisas que aparentemente estão separadas: Exemplos:
  • Razão e emoção
  • Sensível e inteligível
  • O real e o imaginário
  • A razão e os mitos
  • A ciência e a arte
Trata-se da não existência de uma síntese. Tudo isto consiste o chamado dialogizar.
O operador recursivo, trata principalmente do fato de que sempre aprendemos que uma causa A produz um efeito B. Na recursividade a causa produz um efeito, que por sua vez produz uma causa.
Exemplo: Somos produto de uma união biológica, entre um homem e uma mulher e por nossa vez seremos geradores de outras uniões.
O operador hologramático, trata de situações em que você não consiga separar a parte do todo. A parte está no todo, assim como o todo está na parte. Esses três operadores são as bases do pensamento complexo. Em resumo temos:
  • Juntar coisas que estavam separadas
  • Fazer circular o efeito sobre a causa
  • Idéia de totalidade: Não dissociar a parte do todo. O todo está na parte assim como a parte está no todo.
Com esses três operadores, você criará a noção de totalidade, mas ao mesmo tempo, criará uma concepção de que a simples soma das partes não leva a esse total. A totalidade (no pensamento complexo), é mais do que a soma das partes e simultaneamente menos que a soma das partes.
- Nós somos considerados seres que:
  • Falam;
  • Fabricam seus próprios instrumentos;
  • Simbólicos, pois criamos nossos símbolos, nossos mitos, e nossas mentiras.

O pensamento complexo afirma também que, além disso, somos complexos. Isto porque estamos inscritos numa longa ordem biológica e porque somos produtores de cultura. Logo, somos 100% natureza e 100% cultura. O conhecimento complexo não está limitado à ciência, pois há na literatura, na poesia, nas artes, um profundo conhecimento. Todas as grandes obras de arte possuem um profundo pensamento sobre a vida. Segundo o próprio Morin, devemos romper com a noção de que devemos ter as artes de um lado e o pensamento científico do outro.

O pensamento complexo tem como tarefa não substituir o certo pelo incerto, o separável pelo inseparável, a lógica dedutiva-indentitária pela transgressão de seus princípios, mas efetuar uma dialógica cognitiva entre o certo e o incerto, o separável e o inseparável, o lógico e o metalógico. O pensamento complexo não é a substituição da simplicidade pela complexidade, ele é o exercício de uma dialógica entre o simples e o complexo.

Se a complexidade salva e transgride a lógica, ela passa a ser o novo referencial para o pensamento, como será possível alcançá-lo? Abaixo estão relacionados os sete principais princípios que, segundo Morin, são os guias para o pensamento complexo:

1. Princípio sistêmico ou organizacional: liga o conhecimento das partes ao conhecimento do todo, conforme a ponte indicada por Pascal (...): “Tenho por impossível conhecer o todo sem conhecer as partes, e conhecer as partes sem conhecer o todo”. A idéia sistêmica, oposta à reducionista, entende que “o todo é mais do que a soma das partes”.(...) A organização do ser vivo gera qualidades desconhecidas [emergências] de seus componentes físico-químicos. Acrescentemos que o todo é menos do que a soma das partes, cujas qualidades são inibidas pela organização de conjunto.

2. Princípio “hologramático” (inspirado no holograma, no qual cada ponto contém a quase totalidade da informação do objeto representado): coloca em evidência o aparente paradoxo dos Sistemas complexos, onde não somente a parte está no todo, mas o todo se inscreve na parte. Cada célula é parte do todo - organismo global - mas o próprio todo está na parte: a totalidade do patrimônio genético está presente em cada célula individual; a sociedade como todo, aparece em cada indivíduo, através da linguagem, da cultura, das normas.

3. Princípio do anel retroativo: introduzido por Norbert Wiener, (...). Rompe com o princípio de causalidade linear: a causa age sobre o efeito, e este sobre a causa, (...). O anel de retroação (ou feedback) possibilita, na sua forma negativa, reduzir o desvio e, assim, estabilizar um sistema. Na sua forma mais positiva, o feedback é um mecanismo amplificador; (...). Inflacionistas ou estabilizadoras, as retroações são numerosas nos fenômenos econômicos, sociais, políticos ou psicológicos.

4. Princípio do anel recursivo: supera a noção de regulação com a de autoprodução e auto-organização. É um anel gerador, no qual os produtos e os efeitos são produtores e causadores do que os produz. (...)

5. Princípio de auto-eco-organização (autonomia/dependência): os seres vivos são auto-organizadores que se autoproduzem incessantemente, e através disso despendem energia para salvaguardar a própria autonomia. Como têm necessidade de extrair energia, informação e organização no próprio meio ambiente, a autonomia deles é inseparável dessa dependência, e torna-se imperativo concebê-los como autoeco- organizadores. O princípio de auto-eco-organização vale evidentemente de maneira específica para os humanos, que desenvolvem a sua autonomia na dependência da cultura, e para as sociedades que dependem do meio geoecológico. (...) 

6. Princípio dialógico (...). Une dois princípios ou noções devendo excluir um ao outro, mas que são indissociáveis numa mesma realidade. (...). A dialógica permite assumir racionalmente a associação de noções contraditórias para conceber um mesmo fenômeno complexo. (...), por exemplo, a necessidade de ver as partículas físicas ao mesmo tempo como corpúsculos e como ondas. Nós mesmos somos seres separados e autônomos, fazendo parte de duas continuidades inseparáveis, a espécie e a sociedade. Quando se considera a espécie ou a sociedade, o indivíduo desaparece; quando se considera o indivíduo, a espécie e a sociedade desaparecem. O pensamento complexo assume dialogicamente os dois termos que tendem a se excluir.

7. Princípio da reintrodução daquele que conhece em todo conhecimento: esse princípio opera a restauração do sujeito e ilumina a problemática cognitiva central: da percepção à teoria científica, todo conhecimento é uma reconstrução/tradução por um espírito/cérebro numa certa cultura e num determinado tempo.
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O pensamento complexo é antes de tudo um guia para a constatação das limitações da lógica e do pensamento disjuntivo dominado pelo paradigma científico. Ele pode, segundo Morin, dar a cada um de nós “um lembrete, avisando: ‘Não esqueça que a realidade é mutante, não esqueça que o novo pode surgir e, de todo modo, vai surgir’. E a esperança de Morin é que o pensamento complexo trará consigo uma mudança paradigmática. 

Essa se faz necessária porque, no seu entender, “os indivíduos conhecem, pensam e agem conforme os paradigmas neles inscritos culturalmente. Os sistemas de idéias são radicalmente organizados em virtude dos paradigmas.” Portanto, após o despertar da complexidade por meio de pensamento complexo ele deve ser consolidado com o advento do paradigma da complexidade. Este, nas palavras de Kofman “não é uma formalização da realidade, mas um caminho através de uma realidade impenetrável.”



                                    
desejo felicidadeS🙈🙉🙊
'MEMENTO MORI'💀


Daniel Bastos




Sobre o pensador:
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Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum (Paris, 8 de julho de 1921), é um antropólogo, sociólogo e filósofo francês, judeu de origem sefardita.

Pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia.

Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método (6 volumes), Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro.

Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da Resistência Francesa.

É considerado um dos principais pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos do campo de estudos da complexidade, que inclui perspectivas anglo-saxônicas e latinas. Sua abordagem é conhecida como "pensamento complexo" .



Origem: http://www.ibamendes.com/2011/01/o-pensamento-complexo-de-edgar-morin.html

Fonte:
ROBERT WALTER BEIMS: “A RELIGAÇÃO DOS SABERES E A TEOLOGIA: O SISTEMA DAS CIÊNCIAS DE PAUL TILLICH NO HORIZONTE DO PENSAMENTO COMPLEXO DE EDGAR MORIN”. (Tese de Doutorado Para a obtenção do grau de Doutor em Teologia Escola Superior de Teologia Instituto Ecumênico de Pós-Graduação Área: Teologia e História Orientador: Enio Ronald Mueller). São Leopoldo, 2008.

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