quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Isto não é um cachimbo - a Arte como elemento de reflexão e provocação

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A arte carrega discursos poderosos. 
E tem a capacidade de ir além do que a razão possa dar conta. 
Afinal, nem tudo é o que de fato parece. 


Entre 1928 e 1929, o artista Belga René Magritte produziu uma série de pinturas intitulada "La Trahison des Images(A Traição das Imagens). A mais famosa delas é a que está reproduzida acima, “Ceci n’est pas une Pipe”(Isto não é um Cachimbo), que surpreendentemente causou muita polêmica desde então, principalmente em razão de seu aparente nonsense: vê-se um cachimbo e afirma-se que não se trata de tal.

Este quadro questiona os conceitos de definição e representação. Nem tudo é o que parece ser. Esse quadro apresenta, assim , um certo desafio à ordem social e até mesmo um ataque à maneira de ver e de pensar geralmente aceita. Sem dúvidas, inúmeras idéias, reflexões e posicionamentos filosóficos podem ser encontrados em cada pincelada. E Por que não dizer que o quadro de Magritte em sua genialidade pode nos fazer pensar até nossa existência.

Gustavo Bernardo, Doutor em Literatura Comparada diz que: "Magritte entende que a nossa própria felicidade depende “de um enigma unido ao homem e nosso único dever é o de tentar conhecê-lo”. Nosso dever é o de tentar conhecer o enigma, sim, mas sabendo da impossibilidade de conhecê-lo verdadeira e completamente, porque “a imbecilidade consiste em crer que compreendemos o que não compreendemos”, palavras do próprio pintor."

Fortemente influenciado pela psicanalise de Freud, o surrealismo representou uma reação contra o Racionalismo. “A Traição das Imagens” desafia a convenção linguística de identificar uma imagem de algo como a coisa em si. A princípio, o ponto de Magritte aparece simplista, quase ao ponto de uma provocação: Representando um trabalho que é extremamente paradoxal. E obtendo como resultado interpretações e opiniões que vão do encantamento ao desprezo, como é possível a toda arte. 

Júlia Medina destaca que: "Temos uma relação complexa com a arte. Antes de tudo, ninguém sabe muito bem como defini-la, mas é fácil demais julgar algo que achamos ruim, ou não gostamos, como não pertencente daquilo que é Arte. No final, a arte pode ser muitas coisas e também pode se sobrepor e acumular outros significados e conceitos."

Ela prossegue dizendo que: "Uma das coisas mais legais sobre arte é que ela pode ser política. A arte pode mudar o mundo, mudar a forma como as pessoas pensam e processam informações, a arte carrega discursos poderosos que moldam a nossa cultura. Contudo, a arte também é estética, é beleza, é emoção. A arte mexe com a gente de muitas formas e, para isso acontecer, precisamos abaixar nossas defesas, nos colocar mais vulneráveis para sermos afetados por ela, para podermos sentir. A arte não precisa ser uma coisa ou outra, pois na arte cabe todas as definições, afinal, quem define a arte é quem a vê."

E ainda: "A arte nos faz vulneráveis para sentir outras coisas, para sermos afetados por outras emoções, a arte pode nos trazer novas experiências."

Mais recentemente o aclamado livro "A culpa é das Estrelas" de Jhon Green, que também deu origem ao filme de mesmo título, se utilizou dessa obra de Magritte. A protagonista Hazel Grace usa uma camiseta com a pintura "Ceci n'est pas une pipe" na frente. 
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A obra virou inspiração pra muitas releituras como a do artista brasileiro de identidade @savron na imagem acima ao lado da personagem Hazel Grace(Shailene Woodley), e até mesmo pra humor como na charge abaixo:
Legenda: "Eu sabia exatamente quem eu era. 
meu conflito de identidade começou quando 
eu conheci o trabalho de um tal de Magritte ".





desejo felicidadeS🙈🙉🙊
'MEMENTO MORI'💀


Daniel Bastos



Ficha Técnica da pintura:
TÍTULO : La trahison des images (A Traição das Imagens)
AUTOR: René FRançois Ghislain Magritte (1898-1967) 
DATA: 1929
TÉCNICA: Óleo sobre Tela
DIMENSÕES: 63,5 x 93,98
LOCALIZAÇÃO: Museu de Arte do Condado de Los Angeles -USA

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