quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Ser diferente é normal - a pequena saga de Raulzito, um camaleão em apuros

"Uma parte de nós sobressai de acordo com o que estamos vivendo. 
             Somos mais do que uma única definição. Somos toda uma história*."


Na natureza, o mimetismo é a habilidade de alguns seres vivos que lhes permite confundirem-se com o ambiente para melhor escapar de seus predadores. Plantas, insetos, pássaros, répteis e mamíferos recorrem ao mimetismo. O exemplo emblemático é o do camaleão, que altera sua cor para se confundir com o fundo e assim não ser percebido.
Há um curta metragem genial, com três minutos de duração, chamado “The art of survival” (A arte da sobrevivência) que ilustra a história de um camaleãozinho que tem uma mensagem interessante. O desenho, dirigido por Cassidy Curtis, foi realizado em 1998 e você pode conferir no vídeo abaixo:

A história é a seguinte:  

Era uma vez um professor de mimese...
Esse professor é um velho camaleão sentado sobre a árvore onde funciona a escola de camuflagem. Ele mostra aos alunos como ficar da cor de uma folha verde, e depois manda que os alunos façam o mesmo.
Dois alunos obedecem sem problemas, mas o terceiro, que vamos chamar de “Raulzito” não consegue. E ao invés de se tornar verde para melhor se confundir com a folha, ele fica completamente roxo.
O professor se irrita e mostra um painel no qual um camaleão roxo atrai um gavião. De repente, no segundo seguinte, todos escutam um pio lúgubre: é o gavião se aproximando!
O mestre esconde o painel e se torna imediatamente verde. Os dois alunos aplicados o imitam, imitando a folha, com sucesso. Raulzito se apavora e tenta acompanhá-los, mas acaba por se tornar amarelo, na certa por causa do medo. Desta maneira, não só não se confunde com a paisagem como dela se destaca, mostrando-se como um alvo fácil.
O que ele pode fazer para não ser comido pelo gavião? Olha para baixo da árvore e vê uma superfície amarela. Pula nela para se proteger. Consegue se camuflar, mas usando o método inverso ao dos seus companheiros: primeiro fica amarelo para depois encontrar uma superfície daquela cor com a qual possa se confundir.
A superfície em que o atrapalhado Raulzito se joga é o teto de um ônibus escolar bem amarelo, o que não deixa de ser uma ironia interessante, já que ele se encontrava numa escola de camuflagem. O ônibus se movimenta e o leva para a cidade. Quando chega na cidade, o réptil salta do teto do ônibus e cai na calçada.
Um homem o encontra e, estranhando sua cor amarela, faz menção de pegá-lo. Nosso pequeno camaleão tenta se camuflar mas não consegue. O homem então pega Raulzito na mão e o leva. O destino é  um ateliê: ele é um pintor de quadros.
No ateliê, o pintor coloca Raulzito sobre uma mesa de madeira com muitas manchas de tinta, bem ao lado de um estilete cravado na madeira. 
O pequeno animal, assustado com o estilete, faz novo esforço para se camuflar, mas dessa vez fica com a pele azul e com listras estilo xadrez. O pintor, admirado com a nova padronagem, começa a pintá-lo imediatamente.
Algum tempo depois, o pintor, com o camaleão Raulzito coloridíssimo no ombro, comemora a exposição das suas pinturas. Todas têm o seu novo bichinho de estimação como tema em diversas estampas e cores. No final, o camaleão feliz fez o contrário do que ensinava o seu velho professor: ele se destaca do fundo e mostra-se exuberante. Torna-se ele mesmo um pop star.😎
Fim da história e começo da nossa reflexão 💭:
Como vimos, para sobreviver camaleões se mimetizam com o ambiente e desse modo fingem que não são camaleões e que nem existem. O nosso camaleão, porém, sobreviveu fazendo o contrário do que mandava o seu velho professor. Ao invés de se confundir com o ambiente, ele se destacou do ambiente.
A verdade é que nem sempre conseguimos nos encaixar nos moldes e padrões que esperam de nós. As vezes nos tornamos exatamente o oposto do que idealizam. E qualquer tentativa de ser o padrãozinho esperado pela sociedade pode gerar desconforto e angústia naqueles que nasceram pra ser mesmo é diferentes.
Cada um de nós precisa vencer o terror da rejeição e entender que aquilo que somos por mais que seja difícil de compreender, faz parte de algo que está muito além de nós no ciclo da existência. Há alguma razão por trás de cada coisa nesse universo, mesmo que a gente não saiba.
Ser diferente é normal, já rezava uma campanha publicitária. Não gaste suas energias tentando se encaixar nos padrões que no fundo costumam estar permeados de hipocrisia e falsidade. Não fique com medo de pensar diferente, se vestir diferente, falar diferente, agir diferente, pois é sendo diferente que você vai ser relevante. Aceite-se!😜
E como diria o grande ícone Raul Seixas que propositalmente me inspirou a nomear o camaleãozinho:



desejo felicidadeS🙈🙉🙊
'MEMENTO MORI'💀


Daniel Bastos



*A frase em destaque no ínicio é de autoria de Lucas Tannure

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