O Psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, criador da Psicologia Analítica,
estudou atentamente a participação da crença mística no funcionamento da
psique. Naturalmente, encontrou nos oráculos um campo fértil de pesquisa. Mas, em vez de espíritos e gênios, ouvia nos oráculos a voz do
inconsciente. Ao receber essa interpretação, os sortilégios ganham outra
roupagem: se transformam em veículos interessantes ao processo de
autoconhecimento.
Jung foi o primeiro a descobrir no simbolismo
do tarô uma correlação perfeita com os conteúdos inconscientes que existem em
todo ser humano, independente de raça ou cultura, que ele denominou
"inconsciente coletivo".
Jung acreditava que todas as experiências que
vivemos ficam registrados em nossa psique. A maior parte delas vai se acomodar
em alguma parte do inconsciente pessoal, sob a forma de aglomerados de imagens
e afetos – o que ele chamou de complexos. Eles se traduzem numa linguagem
alegórica e influenciam diretamente nossos comportamentos, emoções e escolhas.
O alvo principal do interesse de Jung era a relação entre esse grande inconsciente universal e a consciência individual do homem. Para o psiquiatra, o consciente e o inconsciente existem num estado profundo de interdependência recíproca e o bem estar de um é impossível sem o do outro.
Ao contrário dos positivistas lógicos, para os quais o consciente é um simples estado de mente e espírito intelectual e racional, Jung apresentou provas, extraídas de seu trabalho com os chamados "loucos" e as centenas de pessoas "neuróticas" que lhe pediam uma resposta para seus conflitos, de que a maior parte das formas de insanidade e desorientação mental eram causadas por um estreitamento da consciência e sua excessiva racionalização.
O alvo principal do interesse de Jung era a relação entre esse grande inconsciente universal e a consciência individual do homem. Para o psiquiatra, o consciente e o inconsciente existem num estado profundo de interdependência recíproca e o bem estar de um é impossível sem o do outro.
Ao contrário dos positivistas lógicos, para os quais o consciente é um simples estado de mente e espírito intelectual e racional, Jung apresentou provas, extraídas de seu trabalho com os chamados "loucos" e as centenas de pessoas "neuróticas" que lhe pediam uma resposta para seus conflitos, de que a maior parte das formas de insanidade e desorientação mental eram causadas por um estreitamento da consciência e sua excessiva racionalização.
Jung contribuiu para uma nova e mais
significativa compreensão da natureza da consciência: a de que ela só pode ser
renovada e ampliada, pela manutenção de suas linhas não-racionais de
comunicação com o inconsciente coletivo.
Por esse motivo, o psiquiatra dava grande valor a todos os caminhos não-racionais ao longo dos quais o homem tentara, no passado, explorar o mistério da vida e estimular o seu conhecimento do universo que se expandia à sua volta, o que o levou a interessar-se pela astrologia e, principalmente, pelo tarô.
Por esse motivo, o psiquiatra dava grande valor a todos os caminhos não-racionais ao longo dos quais o homem tentara, no passado, explorar o mistério da vida e estimular o seu conhecimento do universo que se expandia à sua volta, o que o levou a interessar-se pela astrologia e, principalmente, pelo tarô.
O jogo de tarô ou arcanos
maiores e menores ou baralho ou cartas
de jogar ou naipes e trunfos, consistem numa
única e mesma coisa. Trata-se de um jogo de 78 cartas, que se difunde a partir
da segunda metade do século 14, na Europa cristã, com iconografia cristã. É essencialmente um baralho conhecido sob
muitas variações (muitas delas culturais), cujas regras básicas são
apresentadas pela primeira vez no manuscrito de Martiano da Tortona antes de
1425. As referências seguintes são de 1637.
O pesquisador Michael
Dummett, filósofo e estudioso dos jogos de cartas, concluiu que - na falta
de provas documentais anteriores - o baralho de Tarô foi provavelmente
concebido no norte da Itália, no século 15 e introduzido no sul da França,
quando os franceses conquistaram Milão e Piemonte em 1499. O jogo de tarô
declinou na Itália, mas sobreviveu na França e na Suíça. Os desenhos são de
caráter medieval e podem ter recebido influencia do vitral gótico das Catedrais, em razão de
suas linhas ou de suas cores.
O pesquisador Claudinei Santos diz que: "Houveram empresas estatais na produção de cartas de tarô que produziam em média 250 mil pacotes por mês para consumo interno e colônias ao redor do mundo! Para jogar adivinhação com o tarô?! Não, para os jogos lúdicos! Sim, o tarô é usado até os dias atuais na Europa como uma jogatina, principalmente, na França, onde há campeonatos anuais."
O pesquisador Claudinei Santos diz que: "Houveram empresas estatais na produção de cartas de tarô que produziam em média 250 mil pacotes por mês para consumo interno e colônias ao redor do mundo! Para jogar adivinhação com o tarô?! Não, para os jogos lúdicos! Sim, o tarô é usado até os dias atuais na Europa como uma jogatina, principalmente, na França, onde há campeonatos anuais."
O termo "Tarô de Marselha" é utilizado pela primeira vez em
1859 nos escritos de Roman Merlin;e é
popularizado a partir de 1930 pelo cartier e escritor
francês Paul Marteau. O uso desse nome
coletivo refere-se a uma variedade de designs intimamente
relacionados que foram produzidos na cidade de Marselha, sul
da França, cidade centro de fabricação de cartas de jogar. O Tarô de Marselha é o padrão a partir do
qual muitos baralhos de tarô do século 19 e, posteriormente, são derivados.
versão modernizada dos clássicos e tradicionais desenhos do Tarô de Marselha |
Para Constantino K. Riemma, organizador e responsável pelo site Clube
do Tarô, "dada sua origem anônima, isenta de instruções e
regras dogmáticas, esse jogo de cartas deu margem a incontáveis fantasias e
re-invenções mais ou menos arbitrárias. Desde seu aparecimento foi utilizado
por nobres e plebeus, para jogos, passatempos e, ao que tudo indica, como
instrumento de místico.
O Tarot é certamente um dos oráculos mais populares do mundo ocidental contemporâneo. Constitui um forte conjunto de símbolos, que vêm sendo usados por anos a fio como instrumento de preleção do futuro e autoconhecimento. A incerteza da origem das imagens reforça o quê mágico e ainda provoca uma série de especulações.
Porém, os personagens, virtudes e situações descritas nas cartas
sinalizam pontos importantes da trajetória humana. Jung enxergou no Tarot uma
rica expressão do inconsciente coletivo – conceito que criou para designar uma
espécie de conteúdo residual de todas as experiências da humanidade, atualizada
por repetição com o passar dos anos. Lá estão representados, por exemplo, o
amor materno, o impulso para a guerra e o fascínio pelo divino. O Tarot seria
um sistema de representação dessas e muitas outras potencialidades humanas,
chamadas arquétipos. A partir das figuras estampadas nas cartas, o indivíduo
seria chamado a refletir sobre as virtudes e dissabores da própria existência.
E, a partir dessa reflexão, levar a decisões mais favoráveis ao próprio
desenvolvimento.
Assim, o Tarô é um dos grandes espelhos
do pensamento inconsciente. Cada uma de suas cartas tem por base uma importante
imagem arquetípica cujo significado nem sempre é claro para o homem moderno,
que jogou fora seus mitos ao querer interpretá-los literalmente. Os arquétipos
não são literais: são mensagens do inconsciente. Cada uma das cartas do Tarô é
uma mensagem da mente universal. Mas como nossa mente inconsciente está
divorciada do consciente - a mente literal - e costuma ser por ele ignorada,
essa mensagem se perde.
Clique aqui e leia uma resenha |
Segundo Sallie Nichols (2000), autora do livro “Jung e o tarô - uma jornada arquétipica”,
as explanações arquetípicas do Tarô fazem com que as imagens e, muitas vezes,
as respostas às nossas perguntas mais profundas venham à tona.
Aluna de Jung no Instituto de Zurique, Sallie Nichols é profunda conhecedora do pensamento junguiano. Usando suas teorias sobre individuação, arquétipo, sincronicidade e imaginação ativa, Sallie Nichols analisa cada carta do Tarô de Marselha como uma representação das diferentes etapas da jornada do indivíduo rumo à transformação e à integração de si mesmo.
A autora procura demonstrar que no processo de autoconhecimento nós
somos responsáveis por aquilo que somos, vivenciamos e fazemos de nossa
existência, Nichols, nos compara com o Louco do Tarô, os errantes que procuram
por si mesmos nas brumas do inconsciente.
Sincronicidade
A “mágica” das
coincidências significativas, que se manifesta nos oráculos, foi conceituada
por Jung como sincronicidade. Ela é uma dos métodos usados pelo inconsciente
para trazer à tona uma percepção – não só a partir das artes adivinhatórias,
mas também daquelas outras “coincidências” que nos tocam de forma tão profunda,
a ponto de despertar a uma nova observação do momento já conhecido. Essa foi
uma das mais controversas teorias junguianas, pois era considerada mística
demais para ser considerada ciência. No entanto, desde Einstein, a Física
Quântica aponta para a comprovação das hipóteses a partir do estudo da energia
como condutora de informação.
Muitas vezes,
os eventos sincronísticos nos conduzem aos insights que tanto esperamos: é como
se, em um breve momento, a ignorância se descortinasse e pudéssemos vislumbrar
a realidade. E, assim, nos sentíssemos seguros para superar as dificuldades
impostas pelo momento.
Tarot
Analítico
Nesse enfoque,
a consulta se transforma em um exercício de ampliação da consciência, com base
em símbolos, mitos e dinâmicas psíquicas revelados a partir das cartas. A partir
dos símbolos e mitos presentes em cada arcano, o consulente é chamado a
refletir sobre os padrões emocionais, expectativas e negligências vividas no
momento – e também sobre a participação de cada um desses aspectos na
manutenção do problema, em vez da solução do mesmo. Ou seja, o tarot convida à
autoanálise e, consequentemente, à revisão de valores e de posturas adotadas.
João Rafael
Torres, usuário da técnica, narra sua experiência: “Ao buscar um aprofundamento
na Psicologia Analítica, percebi que o oráculo poderia funcionar, na verdade,
como uma eficaz ferramenta de acesso ao inconsciente. E que, em vez de
previsões, o foco deveria estar nos esclarecimentos – algo mais pertinente ao
desenvolvimento pessoal, ao autoconhecimento.”
Ele diz ainda:
“No meu entendimento, as cartas nos ajudam no processo de reflexão:
os símbolos nelas apresentados traduzem questões do mundo
interior." João é psicoterapeuta junguiano e tarólogo.
Constantino K. Riemma frisa que "o Tarô não veio acompanhado de normas ou
dogmas, para ser utilizado obrigatoriamente deste ou daquele modo; todas as
regras que hoje conhecemos foram inventadas posteriormente. Portanto, as normas
e regras de utilização que lemos e ouvimos, as afirmações do que é certo ou
errado, devem ser compreendidas de modo muito relativo e flexível. Os
verdadeiros autores do Tarô, aqueles que sabiam do que se tratava, permaneceram
anônimos e sem palavras. Ninguém, hoje em dia, pode se arvorar em autoridade
para falar em nome dos mestres originais. O Tarô permanece um desafio em aberto. O que podemos fazer é nos
associarmos para tentar decifrar os símbolos e ensinamentos que se ocultam sob
o conjunto das 78 cartas."
Quem quer que sinta o mais remoto interesse pelo poder que a imagem tem para estimular a psique encontra em Jung e o Tarô um roteiro rumo ao reino onde a imagem e dos símbolos.
Pessoalmente
Nas imagens acima temos duas releituras de "O Louco",
único trunfo não numerado, mostra um jovem despreocupado em busca de aventura,
que em determinado momento de sua existência percebe que possui todos os
instrumentos para compor a própria história. Mas isso pode envolver riscos se ele não estiver atento ao caminho. Todos temos um pouco dele, o
filósofo Edgar Morin nos alerta que não somos simplesmente "homo sapiens
sapiens", somos em sua concepção "homo sapiens demens" que
simboliza a nossa natureza desmedida.
É este nosso louco interior que nos
empurra para a vida, nos levando ao auto-conhecimento. Ele é absolutamente
livre, e por mais que alguns neguem, é realizador, pois nada teme.
Precisamos estar atentos pois muitas vezes o medo de viver aprisiona e a potencialidade do LOUCO
se perde dentro de nós.
desejo felicidadeS🙈🙉🙊
'MEMENTO MORI'💀
Daniel Bastos
Referências:
Sallie Nichols, Jung e o Tarô, uma jornada arquetípica (9ª edição, São Paulo, Editora Cultrix, 2000).
Vasconcelos e Marques, Ednamara B. O Tarô, a Função Terapêutica, Independente, 2004.
Pramad, Veet. Curso de Tarô e seu uso Terapêutico, Ed. Madras, 2003.
MORIN, Edgar: Amor, poesia, sabedoria. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
Gwain, Rose. Descobrindo seu interior através do Tarô. Ed. Cultrix, 1996.
http://selfterapias.com.br/tarot-analitico/
http://www.institutonovoser.com.br/tarot-de-marselha-a-jornada-do-heroi/
http://www.neinaiff.com/index.htm
http://www.clubedotaro.com.br/site/h22_3_neinaiff.asp
https://www.somostodosum.com.br/artigos/oraculos/o-autoconhecimento-atraves-do-taro-1786.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário