3 metas do alquimista:
*cessação do tormento da separação dos gêneros (Andróginos, rebis),
*fixação do volátil,
*assunção do ponto central /Centro.
Composição química do corpo humano adulto:
35 litros de água, 20 quilos de carbono, 4 litros de amônia, 1,5 quilo de cal, 800 gramas de fósforo, 250 gramas de sais, 100 g de nitrogênio, 80 g de enxofre, 7,5 g de flúor, 5 g de ferro, 3 g de silício e mais quantidades variadas de 15 outros elementos químicos.
Lei da conservação da massa.
Seria a mesma ‘lei da troca equivalente’? A base da alquimia: se quiser obter alguma coisa tem de pagar um preço à altura.
A Grande Obra é caracterizada por três partes:
o Nigredo, o Albedo e o Rubedo.
É lhes atribuída uma cor, tendo-se
assim o Preto, o Branco e o Vermelho, respectivamente.
O Magistério Alquímico:
“Separação” (Initio) – Nigredo. Símbolo: Corvo.
“Destilação” (Medius) – Albedo. Símbolo: Águia.
“União” (Finis) – Rubedo. Símbolo:
Os
Três Princípios de Paracelso
Sal,
Enxofre e Mercúrio são Os Três Princípios de Paracelso, corpo, a alma e espírito. Princípio elementar para a alquimia
e sempre deve se fazer presente.
Mercúrio: qualidade
da volatilidade.
Enxofre: qualidade
da untuosidade.
Sal: qualidade
da estabilidade.
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"Nigredo,
Albedo e Rubedo" de Thomas Norton em 'Ordinal of Alchemy', 1477
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"O visível esconde o invisível,
mas apesar disso
conseguimos o
invisível
apenas através do visível."
Para Jung (2008), a manipulação da prima matéria, correspondente
aos aspectos inconscientes dissociados. O alquimista tem que realizar a Opus
Alquimica, que corresponde ao processo de individuação, transformando seus
conteúdos internos e os trazendo a luz da consciência.
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The Italian Alchemy, illustrazione di Matteo Morelli |
Esse processo acontece
através de três (podem ser quatro) momentos alquímicos e psíquicos: nigredo,
albedo, rubedo. Vale a pena frisar que as metáforas alquímicas compreendem um
vasto simbolismo, que varia entre os alquimistas e pesquisadores, porém todos
resultam no mesmo objetivo: a obtenção da pedra filosofal.
Dentro destes momentos, pode-se dividir a Opus em diferentes
estágios, que variam dentro do arcabouço alquímico, mas que neste trabalho,
será utilizado as definições de Hauck (1999), podendo ser resumidas em sete
estágios de transformação: calcinação, dissolução, separação, conjunção, fermentação, destilação e coagulação.
Esta imagem mandálica é um clássico da alquimia medieval, ela foi primeiramente publicada em 1959 pelo alquimista alemão Basil Valentine, e representa o conceito de Azoth.
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"Azoth"
de Basil Valentine
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“Azoth era
considerado como um remédio universal, ou solvente universal utilizado na
alquimia. Seu símbolo era o caduceu; o termo, que foi originalmente um nome
para uma fórmula oculta necessária para os alquimistas parecida com a pedra
filosofal, se tornou uma palavra poética para o elemento mercúrio, o nome é
proveniente do Latim Medieval, uma alteração de “azoc”, sendo originalmente
derivado do árabe “al-zā'būq”, que significa “o mercúrio”.” [tradução
livre]
Esta imagem irá nos
guiar frente ao simbolismo utilizado na metáfora alquímica. Já que o símbolo seria então a ferramenta principal da psique para se manifestar e se transformar, e que, as religiões, são carregadas destes símbolos que ajudam o homem a se religar com o divino, ou com seu próprio self.
No centro da imagem
temos o homem, alquimista. A sua direita, um rei, princípio masculino, solar, a
sua esquerda uma rainha, princípio feminino, lunar. A dicotomia já nos é
evidente, sugerindo que a integração destes aspectos seriam necessários para
atingir a Opus.
Podemos notar a
presença dos quatro elementos, como manifestação quaternária do todo,
associados à tipologia junguiana. Vemos na imagem, o pé direito do homem na
terra, seu pé esquerdo na água, sua mão direta segurando uma tocha, associada
ao fogo, e sua mão esquerda segurando uma pena, associada ao elemento ar.
Há
também os triângulos adjacentes a roda, representando a manifestação trina do
corpo, alma e espírito. Na parte superior da
figura, é possível ver uma estranha figura alada, que pode ser associada com o
disco solar egípcio ou o topo do caduceu de Hermes, analisado
anteriormente. Existe uma série de simbolismos na imagem, como por exemplo o
leão sob o rei, a salamandra em chamas e os pássaros da roda, porém seria
necessário um outro post apenas para interpretá-los.
Por fim, temos a
circular dos raios, associados com diferentes cores, que representam os
estágios alquímicos. Estes estágios serão nosso foco daqui pra frente.
O primeiro raio está
associado à calcinação, ou calcinato, intrínseca ao elemento fogo.
Para Hauck, esta etapa está psicologicamente associada a morte do ego e
destruição dos mecanismos de defesa, a extinção do interesse no mundo material,
e as respectivas ilusões associadas a este. Inicia-se o processo de
enegrecimento, podemos citar como ilustração desta etapa,"escuro e
nebuloso é o início de todas as coisas, mas não o seu fim",
frase de autor desconhecido.
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"Calcinato" - Xilogravura de Arlindo Daibert
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Para Masan (2009),
esta operação é realizada na Sombra, onde permanecem os desejos instintivos e
não integrados. O fogo está ligado com a frustração dos desejos, aspecto
natural do processo de desenvolvimento associado ao Si-mesmo.
“Os aspectos do ego
identificados com as energias transpessoais da psique (Self ou mesmo, o fogo
Divino) e utilizados para fins pessoais, sejam de poder ou de prazer, serão
calcinados. Quanto maior a dicotomia entre bem e mal, certo e errado, ou seja,
quanto maior a polarização desses aspectos neuróticos, mais longa será a
calcinação desses elementos, até que o fogo da própria culpa esvazia a balança
do julgamento por essa imagem punitiva e compensatória, representada pela ira
divina, enquanto imagem arquetípica constelada no psiquismo” (MASSAN,
2009, 26).
O segundo raio está
associado com a etapa de dissolução, ou solutio, representada pelo
elemento água. Psicologicamente dizendo, está atrelada com a quebra das
estruturas artificiais da psique, através da imersão no inconsciente, ou das
partes irracionais e rejeitadas. O elemento água como uma abertura das
comportas, e inundação de energias pessoais antes cristalizadas, dissolução de
aspectos fixos da personalidade.
“A operação
apresenta, no aspecto negativo e sombrio, um sentido de dissolução da matéria
diferenciada ou conteúdo do ego [...]. Por outro lado, em seus aspectos
superiores, onde ocorre à transposição de opostos, consolida-se o espírito, ou
seja, os aspectos transpessoais da pisque objetiva, o Si-mesmo. É o encontro
com o Numinoso, que reestabelece a saúde da relação ego-Self, salvando apenas o
que vale ser salvo, os conteúdos realmente alinhados com o Si-mesmo, e
redimindo os conteúdos comprometidos, derretendo-os ou reordenando-os em novas
estruturas” (MASAN, 2009, 14).
O terceiro raio diz respeito à
separação, ou separatio. É o momento de captar tudo aquilo que
sobrou das etapas anteriores e selecionar. É recuperar a energia congelada dos
hábitos e pensamentos cristalizados (pré-conceitos, crenças, fobias). Refere-se
à essência e energia separada das amarras da matéria. Esta psicologicamente
associada à escolha dos aspectos dissolvidos anteriormente, desapegando daquilo
que não mais apresenta valor psíquico, explicitando a essência e valores
espirituais, portanto, associado ao elemento ar.
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"Artodyssey"
de Tomasz Alen Kopera
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“Surge aí à
necessidade de dissecar esses conteúdos do inconsciente pessoal e coletivo e
realizar a escolha, a separatio, trazendo a consciência, através do ato de
julgar, uma vinculação com o Self. Isso requer um poder para arcar com o ônus
dessa escolha, uma desvinculação da necessidade de atender aos critérios do
outro, mas sim de ser fiel àquilo para o que aponta o Si-mesmo, da mesma forma
como não se pode servir a dois senhores, só que sem o domínio neurótico da
unilateridade” (MASAN, 2009, 25).
A conjunção,
ou coniunctio, é análoga ao quarto raio da figura. Conjunção é a
grande guinada do opus alquímico. Notemos que na figura, através do movimento
circular, existe o deslocamento das forças da alma (na direita), para o
espírito (na esquerda). Em nível pessoal, a conjunção é o fortalecimento do
nosso verdadeiro Self, a união dos aspectos masculinos e femininos de nossa
personalidade em um novo sistema psíquico. Esta etapa corresponde à ‘pequena
pedra’, ou o primeiro esboço do que seria a pedra filosofal atingida no final
da operação.
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A interação das
polaridades (sol e lua).
"Rosarium Philosophorum", Séc XVI
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“Conjunção pode ser
vista com a criação de um self superior e a conquista do que Carl Jung nomeou
de individuação, no qual o self fragmentado é reunido à um todo original. A
criação desta pessoa completa e harmoniosa significa que atingimos nosso máximo
no plano terrestre”. (HACUK, 1999, 162)
Associada então com
o elemento terra, a conjunção pode ser divida em duas sub-etapas, segundo
Masan: coniunctio inferior e superior. Na primeira, a união
dos opostos separados de forma imperfeita, resulta em algo que deverá ser
submetido a novos procedimentos.
Masan define que a coniunctio inferior
acontecerá sempre que o ego identificar aspectos inconscientes, como a sombra,
anima, ou mesmo o Si-mesmo (Self), através de uma perspectiva introvertida ou
coletiva. Essa identificação deve ser ‘purificada’, ou seja, eliminada,
redimida, para dar continuidade ao processo de individuação.
A coniunctio superior
representa a conjunção mor dos aspectos previamente impossíveis de serem
integrados. Após passar pelos estágios anteriores da Opus, a prima
matéria pode finalmente ter seus opostos complementados.
|
Andrógino,
representando a
natureza dual.
|
“Assim como na
alquimia, a psique, dentro do processo analítico, vai transformando-se, ora
dispondo-se num lado e ora de outro, no sentido das suas polaridades, até que
lhe seja capaz a absorção de uma terceira figura, gradativa e construída,
surgida de dentro da sua própria alma que lhe traduz essa expressão de
convivência com o dual.
A dissolução do conflito, gerado pelas dicotomias
neuróticas, concebe o cenário onde essa pedra, em cujo seio se fixa o espírito,
se manifesta. [...] O casamento Divino, que somente existirá se ali houver o
Amor, sua causa e seu efeito.
Enquanto na coniunctio inferior o amor é
concupiscente, aqui, na coniunctio superior, esse amor é transpessoal.
Revela-se no mundo como o altruísmo em seu sentido extrovertido e na psique, como
a conexão com o Si-mesmo, gerando a unidade”
(MASSAN, 2009, 34).
Masan apresenta o
Amor como uma das chaves para a integração psicológica dos opostos. Seria
insensato pensar em amor se associá-lo com o coração. A simbologia do coração é
estudada no livro “A Psique do Coração”, de Denise Ramos. A autora apresenta
mitos e imagens de culturas americanas que tinham como centro o coração, sendo
ele, em quase todas as histórias um ícone do sagrado ou oferecido ao sagrado.
No capítulo “Elegias
Para Acalmar o Coração”, é somado às ideias de rezas para ‘abrir’ o coração e
permitir o esvaziamento do sofrimento com o preenchimento de Deus. No capítulo
“O Coração em Julgamento” é recapitulado toda a simbologia do coração no antigo
Egito, como este sendo um exemplar da alma do indivíduo.
Ainda nesse
mito egípcio, ao morrer, o coração era pesado numa balança, onde na contraparte
ficava a pena de Maat. Neste julgamento especial, se o coração
fosse mais pesado que a pena, ou seja, estivesse carregado das impurezas do
ego, não era permitido ao falecido integrar-se a completude.
|
Coração e pena na
balança em hieróglifo egípcio
|
No sub-capítulo “O
Lugar Secreto” é destacado o valor simbólico do coração na tradição hindu, e
como o coração está associado nestas culturas como o ‘lugar da consciência”,
sendo o Self em si, o lugar que o homem emana a si mesmo, um guia de luz.
Ainda segundo a
autora, Anãhata é a representação do chakra cardíaco no Tantra
Yoga, que une os chakras superiores com os inferiores, o Tantra Yoga tem como
objetivo alinhar e equilibrar as polaridades masculinas e femininas. Tal
equilíbrio acontece no coração, e quando acontece, o praticante da técnica
consegue ouvir o som ‘hum’ (ॐ), do vazio, que emana por todo o tempo e espaço.
Essas informações
aparecem no sub-capítulo “O Lugar do Som Universal”. Uma frase que pode
exemplificar o amor como via de integração das polaridades é a de Nietzsche:
“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”.
Hauck (1999)
sincretiza o processo alquímico da conjunção da seguinte
forma: “Psicologicamente, Conjunção é usar a energia sexual dos corpos
para transformação pessoal. Conjunção se ocupa no corpo no nível do coração”
(HAUCK, 1999,220). A próxima figura, é
uma foto tirada no dia 06/06/2013 no Elevado Presidente Costa e Silva, São
Paulo, conhecido também como “Minhocão”:
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"Mais amor
por favor"
(ygormarotta.com/mais-amor-por-favor)
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É possível perceber
inúmeras analogias com os temas tratados aqui. A expressão artística
urbana expressando a angústia de uma sociedade doente, cindida. Amor e
Ourobóros como resoluções arquetípicas coletivas.
Podemos perceber,
portanto, que apesar de todo o processo alquímico estar intimamente ligado ao
processo de individuação, a etapa de Conjunção é a que representa o ápice do
processo, que é a integração dos aspectos complementares.
A quinta etapa do
processo alquímico descrito por Hauck, observado na imagem é a fermentação. É a
introdução de uma nova perspectiva de vida, resultado da etapa anterior –
Conjunção – que é a ascensão para um novo estado de consciência, a transição
para um estado mental elevado.
Nesta etapa, existe a transição da nigredo para
a leukosis, resultando no aparecimento da cauda pavonis,
metáfora para imaginação ativa e ‘coloração da vida’, alguns autores definem
esse amarelamento (leukosis) e o aparecimento da “cauda pavonis” como uma
quarta etapa, entre o nigredo e albedo, enquanto
outros, definem apenas como um aspecto transitório entre estas duas etapas.
Representa psicologicamente a transição da psique para um estado mais conectado
com o espírito, ou na nomenclatura junguiana, Si-mesmo (Self).
O penúltimo raio é
análogo à etapa de destilação, ou destilatio. Neste estágio a
metáfora que se apresenta é o aumento da pureza, associado com a cor branca, ou
albedo. Psicologicamente, representa o esforço para que as impurezas do ego e
do id não sejam incorporadas no último estágio.
Representa a eliminação dos sentimentalismos
e emoções, ou ainda melhor, das paixões egoístas e infantis, aspectos que na
manifestação do verdadeiro Self, não são pertinentes, uma vez que se procura um
estado pleno de espiritualidade.
|
separación del espiritú atravez del vapor de la materia
(el mercurio de la sal) atraves de un equipo de
destilación con un receptaculo al final
|
"Seus
pensamentos e sentimentos são os sentimentos e pensamentos do Universo
inteiro”, Esta declaração descreve o processo de destilação, onde [o
alquimista] se tornou muito mais interessado no bem maior do que apenas em seu
próprio.
É a fase de transformação onde estamos espiritualmente e
emocionalmente maduros o suficiente para fundir-nos com o inconsciente coletivo
sem sermos devastados pelo o que encontramos lá. A razão pela qual nós podemos
manter o nosso equilíbrio, depois de ter chegado à fase de destilação é que o
ego não nos controla e, portanto, podemos apreciar os mistérios do coletivo - e
pessoal - material da sombra, sem intromissão do ego.
Destilação traz o
criativo fora de nós. Ela incentiva tudo o que somos se manifestar em formas
equilibradas e serenamente poderosas. Ele anuncia a entrada da influência das
forças superiores e do equilíbrio dessas forças com os inferiores, que fornecem
firmeza, tão crucial para a totalidade” (SHANDERÁ, 2002).
O sétimo e último
estágio é chamado de coagulação, ou coagulatio. Representa a
ressurreição do espírito, materializado no corpo.
“A Coagulatio
é uma operação que expressa, pelas suas imagens, o processo de formação do ego
e sua ligação com os aspectos da vida, as forças ctônicas, através da vivência
da carnalidade no seu sentido mais amplo, construindo, pelas experiências, a
terra onde se lastreia o ego em seu caminhar e, logicamente, configurando, por
essas mesmas vivências, a relação do eixo Ego-Self” (MASAN, 2009, 34)
É a representação da
pedra filosofal, ou Grande Pedra, antes anunciada pela coniunctio.
O alquimista adentra o estágio derubedo, e pode “curar-se de todas as
feridas e enfermidades” (HAUCK, 1999, 140). Esta etapa é utilização da libido
dentro de sua forma plena, integrada com a impulsão da consciência para os
estados mais elevados do vir-a-ser.
“Vale ressaltar que
o desejo é o agente da coagulatio. Esta operação é necessária não para aqueles
que já se movimentam adequadamente dentro de sua libido, mas para aqueles
outros com uma inconsistência em seu querer e o temor de colocar os pés na
vida, com dificuldade, inclusive de sorver os cálices que ela dispõe. O
desenvolvimento do ego nestes casos passa pelo lugar dessa consciência e
realização do desejo, a fim de que haja a movimentação da energia psíquica”
(MASAM, 2009, 22).
Neste estágio, para
Hamilton (1985), é manifestada, no alquimista a vontade de encarnar na terra o
estado de consciência iluminado na mente e no corpo. É como se uma alma
desejasse ser ‘encorpada’ sem o senso de separação do seu estado puro original.
Só quando a alma está encarnada na psique que pode ser vivenciado o estado
espiritual de completude. A psique pode agora expressar as qualidades da alma e
da natureza. A frase no Evangelho que diz “assim na terra como no céu” ilustra com perfeição
este estado.
“Esta união do espírito / alma com o
corpo / mente, representa o final e mais importante casamento alquímico, o
objeto do amor místico. Desperta-se os Iluminados - Cristo, Buda, Santos,
etc. Isto significa que a consciência de Deus, ao nascer no mundo da terra,
percebe sua natureza divina conscientemente – como um indivíduo transcendental
e iluminado, num estado de unidade com o todo cósmico. Isso, então, é a pedra
filosofal que o alquimista procurava. É o grande ponto culminante da Grande
Obra” (HAMILTON, 1985, 8).
|
O homem que volta ao mesmo rio,
nem o rio é o mesmo rio,
nem o homem é o mesmo homem.
Esta suma de Heráclito define bem
a constante transformação do indivíduo
e denota como a transformação é
um aspecto presente, tanto no homem
quanto na natureza. As coisas fluem,
mudam, se transformam, transmutam,
transcendem;
|
Quando isso acontece, há uma mudança na
forma da pessoa encarar sua vida, fazendo-a manifestar, às vezes, alguns
“comportamentos místicos”, num sentimento de comunhão e harmonia com a vida.
Dá-se o paradoxo do infinito, onde tudo se inicia em seu próprio fim, e
acaba em seu próprio começo.
Ao atingir este estágio, o raio de
transformação se volta a terra, e é iniciado novamente o ciclo previamente
proposto, indicando que os estágios e transformações são processos eternos e
constantes, assim como a lapidação do Self, ou o processo de individuação
proposto por Jung, fazendo com que o alquimista volte à etapa de nigredo,
e continue seu processo.
Os símbolos podem nos ajudar, como uma
chave, a abrir as portas para o desconhecido, o inconsciente. Devemos ficar
atentos ao que nossa intuição nos mostra, aos caminhos que nosso coração
aponta. Tudo está interligado e o círculo, é só o começo.
"Eu, alquimista de mim mesmo.
Sou um homem que se devora?
Não, é que vivo em eterna mutação,
com novas adaptações
a meu renovado viver e
nunca chego ao fim de cada um
dos meus modos de existir.
Vivo de esboços não acabados
e vacilantes.
Mas equilibro-me como posso
entre mim e eu,
entre mim e os homens,
entre mim e o Deus."
(Clarisse Lispector)
OBS: A ascensão espiritual gera alguns sinais que podemos chamar de "sintomas".
Não tema suas transformações. Tenha muita paciência consigo, esse é um momento muito delicado e precisamos ser amorosos, gentis e compreensivos com nossos altos e baixos, com nossa luz e ainda com nossas sombras, para que esse processo possa ser mais tranquilo. Repito: não há o que temer.
Acredite, fazemos parte de um momento especial e jamais visto em todo o cosmo, e nós somos os protagonistas de tudo isso.
estar sentindo e não entende porque.
"Ora, lege, lege, lege, relege,
labora et invenies." [#]
desejo felicidadeS🙈🙉🙊
'MEMENTO MORI'💀
Notas:
*Latim: à cidade e ao mundo; a todo o universo.
[1] Ricardo Assarice é Psicólogo, Reikiano e Escritor. Inicialmente achei o texto num blog sem autoria. Depois descobri a autoria no site: https://www.deldebbio.com.br/parte-17-alquimia-individuacao-e-ouroboros-introducao/
EDINGER, E. F. Anatomia da Psique: o simbolismo alquímico na psicoterapia. São Paulo: Cultrix, 11ª. edição, 2004.
ELIADE, Mircea. Ferreiros e Alquimistas. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977.
FORD, Debbie. O Lado Sombrio dos Buscadores da Luz. Disponível em: http://dharmalog.com/2013/02/19/7-trechos-de-o-lado-sombrio-dos-buscadores-da-luz-de-debbie-ford-1955-2013-sobre-a-aceitacao-plena-de-nos-mesmos/. 14/05/2013
JULIEN, Nadia. Dicionário dos Símbolos. São Paulo. Ed. Rideel. 1989
JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
______Símbolos da Transformação. Petrópolis: Vozes, 2011.
______Psicologia e Alquimia. 5°ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
______Memórias, Sonhos, Reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
______Psicologia e Religião Oriental. Petrópolis: Vozes. 1989.
______A Vida Simbólica. Obras Completas. Vol. XVIII/I. Petrópolis. Ed. Vozes. 2 Edição 1998.
______Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Obras Completas. Vol. IX/I. Petrópolis. Ed. Vozes. 2011.
MAGALHÃES, Cirlene. Alquimia – uma Introdução. Disponível em: <http://cirlenemagalhaes.blogspot.com/search/label/alquimia%20espiritual> acesso em 28/09/18 às 13:20
OCAÑA, Emma Martinez. A sabedoria de integrar a sombra. Disponível em: http://www.fundacao-betania.org/biblioteca/cadernos/pdf/Caderno_13_A_Sabedoria_de_Integrar_a_Sombra_Emma_Ocana.pdf. 14/05/2014
PELLEGRINI, L. Dicionário de Símbolos Esotéricos. São Paulo: Editora Três, 1995.
RAMOS, Denise Gimenez. A Psique do Coração: Uma Leitura Analítica de seu Simbolismo. São Paulo. Cultrix. 1990.
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VON FRANZ, Marie Louise. A Alquimia: Introdução ao Simbolismo e a Psicologia. São Paulo: Cultrix, 1993
https://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/processo-de-individuacao/processo-alquimico-montanha-dos-adeptos/
http://antharez777.blogspot.com/search?updated-max=2014-12-16T20:46:00-02:00&max-results=7&m=1
http://encyclopaedia.site44.com/Alquimia,%20uma%20introdu%C3%A7%C3%A3o.html
http://obviousmag.org/cha_e_prosa/2017/alquim.html