Como um baralho de cartas pode dizer
alguma coisa sobre qualquer coisa?
É o que muita gente se pergunta! Podemos começar simplificando e considerar o tarot
simplesmente pelo que é - um baralho diferenciado, de cartões com imagens que era usado pra jogos normalmente sem
nenhum esoterismo. A questão se torna - o que podemos fazer com eles? A
resposta está no inconsciente.
Joan Bunning diz que é da natureza humana
projetar material inconsciente em objetos no ambiente. Nós sempre vemos a
realidade através de uma lente feita de nosso próprio estado interior. Os
terapeutas há muito notaram essa tendência e criaram ferramentas para auxiliar
no processo. O famoso teste de mancha de tinta Rorschach é baseado nessa
concepção.
As cartas então ajudam no processo de
reflexão. Os símbolos nelas apresentados
traduzem questões profundas do mundo interior. O tarot convida à autoanálise e,
consequentemente, à revisão de valores e de posturas adotadas.

Joseph Campbell (1904 – 1987) afirmava que a
maior parte das grandes histórias encontradas no mundo se referem
simbolicamente à nossa jornada pessoal. Assim, os mitos falam sobre nossas
sombras e inimigos internos, a luta pela liberdade e as lições que precisamos
aprender para nos tornarmos uma pessoa completa.
O tarô é composto por 78 cartas, divididas em
dois grupos:
Arcanos maiores (22 cartas)
Arcanos menores (56 cartas)
As 22 cartas com os Arcanos Maiores compõe a
base do tarô e possui rica simbologia. Os arcanos maiores desenvolvem “a
jornada do herói.”
Dentro da psicologia mística de C.G. Jung
entendemos os 22 Arcanos Maiores do Tarô como arquetípicos simbolizando
verdades maravilhosas. É possível entendermos os elementos presentes em cada
carta como passos no caminho da aprendizagem do herói (cada um de nós) em busca
da individuação, ou seja, em busca da realização do sentido da vida.
Segundo Sallie Nichols (2000), autora do livro “Jung e o tarô - uma jornada arquetípica”, as explanações arquetípicas do Tarô fazem com que as imagens e, muitas vezes, as respostas às nossas perguntas mais profundas venham à tona.
Segundo Sallie Nichols (2000), autora do livro “Jung e o tarô - uma jornada arquetípica”, as explanações arquetípicas do Tarô fazem com que as imagens e, muitas vezes, as respostas às nossas perguntas mais profundas venham à tona.
Quando o inconsciente dá as cartas - Jung, o Tarô e os arquétipos / clique aqui e conheça mais.
As cartas (trunfos) mostram passo a passo todas
as dificuldades e recompensas do trabalho de autoconhecimento que precisamos
empreender nesse percurso. É como um livro por imagens, onde o mesmo personagem
“caminha” em busca de sua verdade interior.
A jornada começa com nosso protagonista: o Arcano "O Louco", único trunfo
não numerado. A palavra arcano, do latim "arcanum" significa "segredo profundo" e isso nos diz muita coisa!
Nessa jornada, ora ele é só ele em contato com os outros, hora o colocamos no lugar do outro. Mas não se esqueça, cada passo da história tenha em mente: "esse cara sou eu!"
Temos um jovem despreocupado em busca de aventura, que em determinado momento de sua existência percebe que precisa compor a própria história. Também conhecido como O Tolo, uma carta do princípio simbolizada pelo zero. É o zero, um vazio que dá origem à uma existência, o zero é sempre um símbolo de todas as potencialidades. O Louco permanece em cada um de nós conforme nossa jornada da vida segue. Ele é um louco/tolo porque apenas uma criatura simples tem a fé inocente para entrar numa jornada com todas as suas dores e aventuras. Ele se sente estranhamente vazio (como o zero), mas cheio de vontade de ir adiante e aprender.
Nessa jornada, ora ele é só ele em contato com os outros, hora o colocamos no lugar do outro. Mas não se esqueça, cada passo da história tenha em mente: "esse cara sou eu!"
Temos um jovem despreocupado em busca de aventura, que em determinado momento de sua existência percebe que precisa compor a própria história. Também conhecido como O Tolo, uma carta do princípio simbolizada pelo zero. É o zero, um vazio que dá origem à uma existência, o zero é sempre um símbolo de todas as potencialidades. O Louco permanece em cada um de nós conforme nossa jornada da vida segue. Ele é um louco/tolo porque apenas uma criatura simples tem a fé inocente para entrar numa jornada com todas as suas dores e aventuras. Ele se sente estranhamente vazio (como o zero), mas cheio de vontade de ir adiante e aprender.
I – O Mago – (alquimista) o início à busca alquímica da
transformação. O louco encontra O Mago
(carta 1), que parece ter o mundo inteiro sob controle. Todos os elementos da
vida estão à sua disposição e ele transborda de sabedoria. O Mago é a força que
nos permite ir de encontro ao mundo através da concentração e da força de
vontade. O Mago afirma que toda vida é uma grande transformação contínua.
II –A Sacerdotisa – a introversão espiritual,
estudando nos livros sagrados a verdade da vida. O louco encontra a seguir a
Sacerdotisa (carta 2), envolta em mistério e segredo, intuitiva e paciente. A
Sacerdotisa sugere dirigir o olhar para além do óbvio, buscando as profundezas
de todas as coisas. Mas representa ainda nosso potencial não realizado
esperando por um princípio ativo que lhe traga expressão.

III –A Imperatriz – remete aos mistérios da
natureza feminina e nos convida a sermos
receptivos. Ela expressa a natureza suave e nutridora. Encoraja o louco a apreciar
o ciclo natural de tudo e a experimentar a abundância da Vida.

IV – O Imperador - lembra que precisamos
assumir a responsabilidades pela nossa própria vida. O Imperador (carta 4) é um
disciplinador severo e exige respeito como um líder. Ao longo do tempo, o louco
percebe que está sob controle de autoridades e das estruturas da sociedade. Com
a ordem, vem a segurança. Ele aprende que suas regras não estão acima de tudo e
que deve se sujeitar as regras sócias até o ponto que não firam a ética, a moral
ou sua pequena mas preciosa fé.

V – O Sumo Sacerdote - Chama-nos a buscar
orientação com quem já empreendeu a jornada da espiritualidade antes de nós.
Ele é exposto às crenças e tradições e precisa ter cuidado para não ser
enganado.

VI – Os Enamorados – A vida é feita de conexões.
Mas há os perigos dos afetos exagerados que poderiam nos fazer muito
dependentes da família ou das paixões. Nessas conexões ele deve determinar seus
próprios valores, se é fiel a si mesmo. Deve começar a questionar a opinião alheia.
É um momento na vida do louco em que está sujeito a perder o passo de
aprendizagem caso “escolha” levado por motivações erradas. Romance e paixão
sexual, liberdade de pensamento, escolhas e auto expressão devem ser
analisados.

VII –O Carro – Lembra que precisamos continuar
na jornada e tocar a vida para a frente. Momento de triunfo, em
que o louco desenvolveu autoestima e já tem um objetivo a alcançar. O herói já
consegue seguir de forma mais objetiva para onde deseja. Por outro lado precisa
estar atento pra não fazer barbeiragens, nem colidir perigosamente.

Essas 7 primeiras cartas mostram o caminho da
estruturação da personalidade. As próximas 7 cartas ensinam a enfrentar os
perigos do mundo.
VIII –A Força – tão necessária para o domínio
dos instintos destrutivos. Ele agora compreende a necessidade de ser paciente e
de aceitar os acontecimentos ao qual não tem controle. O louco descobre que
quando menos espera pode ser surpreendido. Através do tempo, a vida trouxe
novos desafios, alguns causados pelo sofrimento e pela desilusão. Há batalhas a
serem travadas. Ele precisa ser forte. Esse arcano representa a força interior
e não a força física. A fera é domada com suavidade, sem medo, sem violência. O
leão representa o ego, o orgulho, portanto seja humilde, gentil consigo mesmo,
não deixe o orgulho prevalecer. Aprenda a domar o seu leão interior.

IX – O Eremita – o Mestre Interior, arquétipo
do Self, ou Si Mesmo, lembra que devemos iluminar nossa própria vida e de todos
que porventura de nós precisarem. A ideia do louco sobre o mundo se modifica.
Ele se torna absorvido pela procura de respostas, originada não por uma
curiosidade sem propósito, e sim uma profunda necessidade de descobrir. Começa
a passar longos períodos meditando sobre si mesmo. Verdades profundas são
reveladas e ele se isola do mundo, querendo descobrir mais.

X – A Roda da Fortuna – Momento crítico, onde temos que entrar em
contato com nossos padrões de comportamentos repetitivos. É necessário não
repetir os mesmo erros e ter cuidado com a procrastinação. A roda representa o
movimento, a continuidade da jornada. Os altos e baixos da vida. Não fique tão
apegado à um deles, saiba desfrutar dos dois momentos, não se pode viver sempre
no auge, isso não faz parte da natureza das coisas. A única certeza é que tudo
muda, nada permanece igual, a Roda segue girando Após muita procura pelo seu
próprio eu, O Louco começa a ver como tudo está conectado.

XI – A Justiça – precisamos ter ética e
distinguir o certo do errado para seguirmos com firmeza e constância. Não
negociar princípios e valores. Mas o louco sente o quanto é ruim ser julgado
pelos outros. Se desafia a não julgar precipitadamente. E descobre quem nem
sempre as coisas são justas. Aqui o louco se dá conta que nem tudo é
brincadeira, há o lado racional e vem a tona a questão de equilíbrio, frieza
pra algumas coisas, objetividade por meio da razão.

XII – O Enforcado – Culpa de suas decisões ou
não, o herói está preso. A carta mostra a introversão e angústia, que precisa
ser controlada. É alcançado por uma experiência que parece muito sofrida e
prolongada. Este devastador desafio pode o deprimir e abater, até que ele faça
escolhas, escolha que pode envolver o desapego. Ele está enforcado mas pelos
pés, nessa posição ele enxerga o mundo à
sua maneira, ele tem sua própria visão acerca do que acontece à sua volta. Ele sabe que está suspenso, que está sem
chão. Mesmo pendurado, aparentemente martirizado, está sereno e em paz. Tem consciência das
suas ações. Sabe que agiu certo, mesmo que não entendam.

XIII – A Morte – Transformação pode trazer
dor. É a transição para uma nova fase: o
que é velho pode já não servir mais e ele precisa morrer para velhos hábitos
viciosos. O passado também se foi.

XIV – A Temperança – O nosso herói encontra
equilíbrio, se desfaz dos excessos. Ele derrama a água de uma taça para a outra
e tem um pé na terra e outro na água. Isso representa a o equilíbrio do estado
emocional e físico. É tempo de cuidar da saúde e do equilíbrio emocional. É a
carta da transmutação alquímica. Precisamos nos sentir purificados e conectados
com o nosso coração e com a nossa essência. Por ter experimentado os extremos,
passa a apreciar a moderação. Com o Arcano XIV o herói conclui seu embate com o
mundo.

As próximas cartas mostram o confronto do herói
com o próprio inconsciente
XV – O Diabo – Depois de construir sua história
no mundo, o louco tem que se voltar para a própria sombra (um conceito de Jung)
e, enfrentar seus desejos e fraquezas mais profundos, alguns dos quais ele nem
imagina que tem. Fica mais alerta da batalha entre o bem e o mal. Ele sente
medo, mas no fundo começa a entender que é capaz. Começa a praticar a sua fé
para ser vitorioso.

XVI – A Torre – A intervenção divina! Um raio
vem do alto destruindo a torre, onde os gêmeos do tarô (seus pensamentos)
estavam aprisionados . Ela é a fortaleza do ego que cada um de nós construiu ao
redor. Cinzenta, e cheia de pedra, essa fortaleza parece proteger, mas é na
realidade uma prisão. Momento também de sair da zona de conforto.

XVII – A Estrela – Enfim, o herói conseguiu,
definitivamente deixar todos os apegos e mágoas. O passado ficou para trás e
ele cuida de si mesmo (se molha com a água da vida). A nudez na carta não remete a sensualidade, mas sim ao estado inicial de pureza do homem no Jardim do Éden. É
abençoado pela estrela da manhã que simboliza Jesus. O verdadeiro amor flui
naturalmente até ele e sua generosidade nada exige em troca.

XVIII – A Lua – O trabalho ainda não terminou,
e o herói deve vencer os medos da noite escura pois ela sempre vem. Com tudo o
que o Louco passou em sua jornada, ele se depara agora com seus traumas. Essa
carta simboliza a psiquê, nossos medos, inseguranças, fobias, todas essas
experiências traumáticas que ocorreram. Ele deve ter a confiança que não vai
surtar, precisa enfrentar os lobos e ir em frente. Uma hora a luz vai brilhar
de novo.

XIX – O Sol – Aqui o herói encontra a coniuncio,
a comunhão das forças contrárias, união do masculino e feminino, consciente e
inconsciente. Adquire a iluminação profunda e se sente verdadeiramente livre.
No mundo externo encontra um companheiro (ou amigos, ou iguais) que lhe
corresponde. Sob o Sol benfazejo ele reencontra a inocência perdida. Sua
jornada termina aqui. Daqui pra frente ele colhe os frutos do que plantou.

XX – O Julgamento – prestação de contas... Suas
ações serão pesadas na balança. Necessidade de avaliar questões do passado para
se tornar mais consciente de quem você é no presente e do que você quer para o
seu futuro. Aqui o Louco tem a oportunidade de resolver questões que ficaram
pendentes, mal entendidos para seguir adiante em paz. Há um mistério pois vemos
a saída do túmulo ao ser convocado por um anjo que toca a trombeta. Já não
depende só de esforço e sim da Graça, aquilo que Deus concede mesmo sem a gente
merecer. Já pode adentrar novos níveis de consciência. Ele agora achou seu
lugar no mundo tá vencendo as suas sombras e há algo mais, descobriu que foi feito para algo além dessa vida.

XXI – O Mundo – Esse trunfo mostra o resultado
da Opus Alquímica. A Roda da Fortuna (X) da eterna repetição se transformou na
guirlanda de louros, símbolo da vitória, onde o herói integrou as quatro
funções da psique: pensamento,
sentimento, sensação e intuição. Ele agora segue seu caminho e pode ajudar
outros com a sua experiência.

Com a conclusão da jornada do herói, retomamos ao Arcano d’O Louco, não mais só como o
jovem aventureiro, mas como o sábio, que encontrou seu caminho: espiritualidade, sabedoria e auto realização. E por ele prossegue
seguro.
O Louco sabe que sua vida só tem sentido se este partir de sua alma, de seu amor pelos mistérios de sua existência, do aprendizado e da sabedoria fruto das suas experiências, e principalmente, das coisas que estão além do que seus olhos podem ver.
E por fim, O Louco sabe: Uma vez que uma jornada do coração (e de coração) se inicia, não pode permitir que nada tire seus pés da estrada.
Ah, esse cara é você! Esse cara sou eu!
O Louco sabe que sua vida só tem sentido se este partir de sua alma, de seu amor pelos mistérios de sua existência, do aprendizado e da sabedoria fruto das suas experiências, e principalmente, das coisas que estão além do que seus olhos podem ver.
E por fim, O Louco sabe: Uma vez que uma jornada do coração (e de coração) se inicia, não pode permitir que nada tire seus pés da estrada.
Ah, esse cara é você! Esse cara sou eu!
Referências:



Todas as imagens de cartas utilizadas são do "Illuminati Tarot" de Erik C. Dunne, conheça mais sobre ele e sua obra em: http://www.clubedotaro.com.br/site/h2321_Illuminati.asp
"Procuro encontrar a Beleza em todas as coisas... Escute o Espírito, permita-se ser inspirado e repleto de imaginação e criatividade. Contribua onde quer que você possa e aprecie aqueles que o fazem. Todas as coisas são não apenas possíveis, mas estão dentro de seu alcance, se seu desejo é verdadeiro e de intenção pura."
(Erik C. Dunne)
Vasconcelos e Marques, Ednamara B. O Tarô, a Função Terapêutica, Independente, 2004.
Pramad, Veet. Curso de Tarô e seu uso Terapêutico, Ed. Madras, 2003.
Gwain, Rose. Descobrindo seu interior através do Tarô. Ed. Cultrix, 1996.
Sallie Nichols, Jung e o Tarô, uma jornada arquetípica (9ª edição, São Paulo, Editora Cultrix, 2000).
Vasconcelos e Marques, Ednamara B. O Tarô, a Função Terapêutica, Independente, 2004.
Pramad, Veet. Curso de Tarô e seu uso Terapêutico, Ed. Madras, 2003.
Gwain, Rose. Descobrindo seu interior através do Tarô. Ed. Cultrix, 1996.
PS: O “Tarô Illuminati” contém, em sua essência, a idéia da iluminação. Não tem nada a ver com "os iluminatis" das teorias da conspiração. rs
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