quarta-feira, 10 de outubro de 2018

O simbolismo da Rosa vermelha na Alquimia


Imagem relacionadaA realização da Obra é muitas vezes representada pelo desabrochar de uma flor, que brota no vaso alquímico espalhando o seu “velho perfume” no ar.


Flor também era o nome dado à substância da transformação, daí a matéria-prima ser chamada de “flor de todos os metais”, da mesma forma que a Pedra é a “flor da Obra”, que assume a coloração dos campos de papoula quando o trabalho é concluído.

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Dat rosa mel apibus, a rosa dá mel às abelhas, é um conhecido dito alquímico que mostra a importância dessa flor, muito apreciada pelos alquimistas, a começar pelo Rosarium Philosophorum[1] (do latim:Rosário dos Filósofos), e também em "O Roseiral dos Filósofos", representado no Atalanta Fugiens (do latim, Fuga de Atalanta)[2] como um jardim de rosas de uma forma bem poética e profunda, observe:
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Atalanta Fugiens-1618, Emblem XXVII
"Aquele que tenta entrar no Jardim das Rosas dos Filósofos sem a chave é como um homem querendo andar sem os pés.
O jardim de rosas da Sabedoria tem uma abundância de várias flores, mas o portão está sempre fechado com parafusos fortes;
Apenas uma coisa de pouco valor é encontrada no mundo 
que é a chave para isso.
Sem essa chave você andará como alguém sem pernas.
Você vai tentar em vão subir até o topo íngreme do Parnaso,
Você, que dificilmente tem força suficiente para permanecer em pé em terreno plano." 
(Atalanta Fugiens-1618, Emblem XXVII)

​No Fausto, os anjos, cantando em coro, jogam rosas para o alto, passagem esta destacada por Y. K. Centeno (1983) ao comentar a obra de Goethe, enfatizando este momento de celebração:

Do alto frutuosas,

Rútilas rosas!
Voantes, flutuantes,
vivificantes” 
(Fausto II, v. 11699-11702). 

A rosa, representada muitas vezes com sete pétalas, numa referência aos sete planetas, ou aos sete metais, tem a forma de uma mandala, símbolo da totalidade.

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O seu nome está relacionado a rocio (do latim ros), o orvalho da manhã. 

O desabrochar da flor equivale, portanto, à colheita da rosa, ou coleta do orvalho, chamado de “flor do céu”, substância essa de fundamental importância para a opus alquímica.


Um ponto importante a ser destacado é a sua cor vermelha, que simboliza não só o enrubescimento característico do final da Obra, mas também o amor. Por isso, diz-se que os tratados de Alquimia não passam de “romances da rosa”.
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Porém, a rosa vermelha, nesse seu romance, vem acompanhada do seu par, uma rosa branca, ou um lírio branco, significando o Rei e a Rainha, a união entre o masculino e o feminino. "As cores branca e vermelha das rosas representam a pequena obra e a grande obra da alquimia.
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Na primeira imagem vemos o vaso com as rosas vermelha e branca na mesa do alquimista. Ao lado, imagem de um vaso com rosas vermelhas e lírios brancos, também símbolos alquímicos. 

A pequena obra está relacionada à transformação pessoal onde o adepto se liberta das amarras internas que atrapalham sua percepção da realidade. Assim, a grande obra é quando o adepto, ciente de sua própria realidade, dedica sua vida a trilhar seu próprio caminho, cumprindo seu destino traçado, e se transformando em obreiro de Deus, à serviço de Deus, na grande obra universal. Conseqüentemente, a rosa azul está ligada à obra impossível."

É o que mostra o misterioso Mutus Liber[3](do latim: Livro Mudo), cujo frontispício traz dois ramos de rosas entrelaçados, e que emolduram a imagem de uma escada que une o Céu e a Terra, por onde sobem e descem os anjos.

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ilustração do "Mutus Liber", O Livro Mudo da Alquimia-1677
Nesse mesmo livro, há uma sequência de imagens com o rocio passando pelo processo de purificação, através da destilação, que resultará no surgimento de uma flor no interior do vaso, cf. figura 1 abaixo:

figura 1

Já na figura 2 temos uma ilustração onde aparece a rosa vermelha no processo alquímico, ela é de 1578, da versão do Rosarium Philosophorum do Jaroš Griemiller , mantida na Biblioteca Nacional de Praga , na República Tcheca. 

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figura 2



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Tema semelhante se repete na última das doze chaves de Basilio Valentin, na qual o fim dos trabalhos é sinalizado por um vaso com flores sobre a mesa. 

Mais acima já usamos essa imagem para ilustrar as rosas vermelha e branca. Aqui, a mesma ilustração sem colorir.


Segundo o autor, essa é a “roseira selvagem escolhida pelos alquimistas para representar a digna recompensa que esperam de Deus e da Natureza e que garante ao adepto a riqueza e a saúde” (VALENTIN, 1976, p. 131).


Nesse sentido, o remédio universal, que cura as enfermidades dos metais, é chamado de flor de antimônio, e sua obtenção é simbolizada pelo desabrochar de uma flor.

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A canção "Take up the stethoscope and walk"(Pegue o estetoscópio e ande) do Pink Floyd, faz alusões ao assunto: 
"Doutor, doutor!
Estou de cama
Cabeça doendo
Ouro é chumbo
Engasgado com pão
Subnutrido
Ouro é chumbo
Jesus sangrou
A dor é vermelha"

O surgimento de flores equivale ainda ao nascer do sol, que os alquimistas chamam de flor de fogo. 

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Marcelo Del Debbio diz que "assim como em um jardim, em nossa vida devemos cuidar sempre para arrancar as ervas-daninhas que insistem em tentar crescer agregadas ao que você deseja plantar. Quanto maior e mais florido fica o seu jardim, mais parasitas, pulgões e cupins tentam se aproximar, seja para parasitar o caule das flores, ou beneficiar-se do solo que você está adubando e cuidando.
Deve-se podar as folhas podres, adubar as raízes e regar constantemente, seja com as águas das emoções puras, seja com as águas superiores da fé, e pelos frutos conhecerás a árvore. 
O trabalho no Jardim engloba os 4 Elementos: deve-se cuidar das raízes, de adubar a terra e de retirar as pedras do caminho; deve-se molhar as plantas com as águas da emoção, sem nenhum tipo de veneno ou produto que macule a nutrição das flores; deve-se deixar o ambiente sempre iluminado com bastante luz; as rosas nunca florescem na escuridão. E finalmente, deve-se deixar o ambiente arejado e sempre aberto, para que os pássaros e as abelhas possam levar as sementes para outros lugares.
Uma vez estabelecido o jardim, as abelhas e os pássaros se encarregarão de passar este conhecimento para outros jardins mas, assim como o professor pode apenas ensinar a parte teórica, cabe a cada jardineiro cuidar para que as sementes e mudas trazidas se transformem em novas árvores e novas roseiras."
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desejo felicidadeS🙈🙉🙊

'MEMENTO MORI'💀




Daniel Bastos

RefÊncias:

[1] Rosarium Philosophorum (do latim: Rosário dos Filósofos) é um tratado alquímico. O termo rosário no título não está relacionado com as contas usadas pelos fiéis nas rezas católicasrefere-se a um "jardim de rosas ", metafórico de uma antologia ou coleção de ditos sábios. Foi impresso pela primeira vez em Frankfurt, em 1550, como a segunda parte de um compêndio alquímico chamado "De Alchimia opuscula complum veterum philosophorum" (do latimA alquimia das obras completas de filósofos antigos).  Inclui uma série de 20 xilogravuras.

[2] Atalanta Fugiens ou a Fuga de Atalanta é um livro emblemático escrito pelo médicomúsicoalquimista alemão e conselheiro do imperador Rodolfo IIMichael Maier (1568-1622), composto por 50 discursos filosóficos, 50 gravuras de  Matthäus Merian e 50 cânones musicais. O trabalho foi publicado por Theodor Johann de Bry em Oppenheim, em 1617. 

[3] O Livro Mudo da Alquimia é reconhecidamente uma das mais importantes obras da tradição alquímica, e uma das mais relevantes e belas produções da tradição pictórica do hermetismo medievo. Composto de 15 pranchas, descreve os passo para a realização da Grande Obra alquímica apenas por imagens. Mutus Liber, como o nome diz, é um livro mudo, sem palavras. Tendo seu autor permanecido anônimo. Muitos acreditam que o Mutus Liber foi criado por um certo Altus. A primeira edição do Mutus Liber data de 1677, publicada por Pierre Savouret em La Rochelle. Editado originalmente por Eugène Léon Canseliet (1899 – 1982), foi Canseliet que encontrou uma cópia do livro, na cidade de La Rochelle e mandou fotografar as imagens impressas na obra com o objetivo de reproduzi-las com mais fidelidade. Portanto a reedição das pranchas originais do Mutus Liber aconteceu somente em 1968, trezentos e dez anos depois do seu lançamento oficial. É possivelmente o único livro conhecido, desde o apogeu da civilização egípcia, que se propõe a condensar a sabedoria hermética, como prática empírica e caminho espiritual, sem o uso da palavra. A referência da obra em português é: Carvalho, J. J.. Mutus Liber, o livro mudo alquímico.  São Paulo, Attar, 1998. 
 - Conheça mais sobre o Mutus Liber aqui
 - Veja todas as imagens do livro coloridas aqui


http://psicologiajunguiana.psc.br/trechos-do-livro/take-up-thy-stesthocope-and-walk



http://piroalquimista.blogspot.com/2014/12/a-rosa-alquimica.html

http://alchemical-weddings.com/alchemical-weddings/the-rose-garden

http://institutoeranos.com.br/site/mutus-liber/

https://en.wikipedia.org/wiki/Mutus_Liber

https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.alchemywebsite.com/virtual_museum/rosarium_philosophorum_room.html&prev=search

https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.levity.com/alchemy/rosary1.html&prev=search

https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=https://en.wikipedia.org/wiki/Rosary_of_the_Philosophers&prev=search


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