sexta-feira, 1 de abril de 2011

Memórias pelo chão



Na avenida mais movimentada do bairro

Carros, ônibus, taxi e pessoas, muitas pessoas.
Muitas pessoas, pessoas e taxi, ônibus, carros...
Um movimento sem fim, pra lá e pra cá



O vento sopra



O farol abre e os pedestres apressados atravessam
Lá vai uma senhora, cabelos brancos, toda uma vida com ela
Alguém apressado esbarra na bolsa em seu braço
A bolsa cai, o sinal fecha




O vento sopra


De dentro da bolsa, vários álbuns caem também no chão

Ela tenta segurar, os carros buzinam e começam a passar
Ela fica ali no meio da avenida
Por um momento não sabe mais o que fazer



O vento sopra


As fotos se espalham pelo chão

Umas coloridas, outras em preto e branco
Memórias registradas, momentos eternizados
Uns ficam embaixo das rodas, outros são pisados


O vento sopra



Ela se abaixa no meio da avenida

E sem se importar com os carros
Começa a juntar seu tesouro
Recolhe memórias pelo chão


O vento sopra



Daniel Bastos

2 comentários:

  1. Meu amor... Eu sou suspeita em comentar seus textos. Mas eu admiro muito essa sua capacidade de poetizar os fatos do cotidiano. Enquanto lia esse texto, é como se estivesse revendo essa cena e ouvindo sua voz como narrador.

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  2. Gostei disso... e vc sabe o quanto sou critico... rsrsrs.. gostei mesmo disso...

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