segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Nietzsche - Meu Malvado Favorito :)



Nietzsche talvez seja o pensador mais incômodo e provocativo que ja existiu. Sua vocação crítica cortante o levou ao submundo de nossa civilização, sua inflexível honestidade intelectual denunciou a mesquinhez e a trapaça ocultas em nossos valores mais elevados, dissimuladas em nossas convicções mais firmes, renegadas em nossas mais sublimes esperanças. Essa atitude deriva do que Nietzsche entendia por filosofia.

Com sua filosofia do martelo, denominada, assim, em sua obra Crepúsculo dos ídolos, pretendeu ser o grande "desmascarador" de todos os preconceitos e ilusões do gênero humano, aquele que ousa olhar, sem temor, aquilo que se esconde por trás de valores universalmente aceitos. 
Para Nietzsche, o homem é individualidade irredutível, à qual os limites e imposições de uma razão que tolhe a vida permanecem estranhos a ela mesma, à semelhança de máscaras de que pode e deve libertar-se. Para Nietzsche as máscaras tornam a vida mais suportável, ao mesmo tempo em que a deformam. Ele defendia que somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida

Para ele, filosofar é um ato que se enraíza na vida e um exercício de liberdade. O compromisso com a autenticidade da reflexão exige vigilância crítica permanente, que denuncia como impostura qualquer forma de mistificação intelectual. Por isso, Nietzsche não poupou de exame nenhum de nossos mais acalentados artigos de fé. O destino da cultura, o futuro do ser humano na história, sempre foi sua obsessiva preocupação. Por causa dela, submeteu à crítica todos os domínios vitais de nossa civilização ocidental: científicos, éticos, religiosos e políticos.
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Nietzsche é um dos grandes mestres da suspeita, que denuncia a moralidade e a política moderna como transformação vulgarizada de antigos valores metafísicos e religiosos, numa conjuração subterrânea que conduz ao amesquinhamento das condições nas quais se desenvolve a vida social. Nesse sentido, ele é um dos mais intransigentes críticos do nivelamento e da massificação da humanidade. Para ele, isso era uma conseqüência funesta da extensão global da sociedade civil burguesa, tal como esta se configurou a partir da Revolução Industrial.

Nietzsche se opõe à supressão das diferenças, à padronização de valores que, sob o pretexto de universalidade, encobre, de fato, a imposição totalitária de interesses particulares; por isso, ele é também um opositor da igualdade entendida como uniformidade. Assim, denunciou a transformação de pessoas em peças anônimas da engrenagem global de interesses e a manipulação de corações e mentes pelos grandes dispositivos formadores de opinião.
O esforço filosófico de Nietzsche o levou a se confrontar com as grandes correntes históricas responsáveis pela formação do Ocidente: a tradição pagã greco-romana e a judaico-cristã; e o que resultou da fusão entre as duas.
Ao longo desse seu confronto com o conjunto da herança cultural de nossa tradição, Nietzsche forjou conceitos e figuras do pensamento que até hoje impregnam nosso vocabulário e povoam nosso imaginário político e artístico. Suas ideias-chave incluíam a “vontade de poder”, a "morte de Deus", o Übermensch (Além-Homem ou Superhomem -  seria a evolução do homem para um homem superior, que seja capaz de transformar os valores estabelecidos e elevar a humanidade), o eterno retorno (uma auto-avaliação: o tipo de vida que você leva, se eles voltassem e voltassem, você seria feliz? Se a resposta for negativa, o que te impede de mudar?).

É impossível se colocar à altura dos principais temas e questões de nosso tempo sem entender o pensamento de Nietzsche. Ateísta radical, ele atribui ao homem a tarefa de se reapropriar de sua essência e definir as metas de seu destino. Dele afirma o filósofo Martin Heidegger: "Nietzsche é o primeiro pensador que, perante a história universal pela primeira vez aflorada em seu conjunto, coloca a pergunta decisiva e a reflete internamente em toda a sua extensão metafísica. Essa pergunta reza: como homem, em sua essência até aqui, está o homem preparado para assumir o domínio da terra?"

Nesse sentido, Nietzsche é o pensador de nossas angústias, que não poupou nenhuma certeza estabelecida --sobretudo as suas próprias convicções-- e desvendou os mais sinistros labirintos da alma moderna. Com a paixão que liga a vida ao pensamento, Nietzsche refletiu sobre todos os problemas cruciais da cultura moderna, sobre as perplexidades, os desafios, as vertigens no fim do século 19. Dessa sua condição, postado entre o final e o início de duas eras, Nietzsche esboçou um quadro que, em todos os seus matizes, nos concerne ainda, na passagem a um novo milênio, em direção a um destino que ainda não se pode discernir.

A despeito de sua visão sombria, Nietzsche tentou ser, ao mesmo tempo, um arauto de novas esperanças. Sua mensagem definitiva --a criação de novos valores, a instituição de novas metas para a aventura humana na história-- é também um cântico de alegria. Essa é uma das razões pelas quais o estilo de Nietzsche resulta da combinação paradoxal de elementos antagônicos: sombra e luz, agonia e êxtase, gravidade e leveza.
Isso explica por que, para ele, o riso e a paródia são operadores filosóficos inigualáveis: eles permitem reverter perspectivas fossilizadas. Nietzsche, o impiedoso crítico das crenças canônicas, é também um mestre da ironia. Sua ambição consiste em tornar superfície o que é profundidade, restituir a graça ao peso da seriedade filosófica.

Opositor ferrenho da dialética socrática, Nietzsche reedita, no mundo moderno, o gesto irônico do pai fundador da filosofia ocidental. Decisivo adversário de Platão, sua filosofia talvez possa ser caracterizada como uma inversão paródica do platonismo. Definindo-se como o mais intransigente anticristão, dá, no entanto, à sua autobiografia intelectual, escrita no final de sua vida, o título Ecce Homo ("Eis o Homem") - expressão empregada por Pilatos ao apresentar Jesus a seus algozes, pouco antes da Paixão.
  

Nietzsche, o filósofo-artista, um poeta que só acreditava numa filosofia que fosse expressão das vivências genuínas e pessoais, vendo na experiência estética uma espécie de êxtase e redenção, é, por isso mesmo, um precursor da crítica a um tipo de racionalidade meramente técnica, fria e planificadora. 
A despeito da profundidade e da gravidade das questões com que se ocupa, sempre as tratou em estilo artístico, poeticamente sugestivo; só acreditava na autenticidade de um pensamento que nos motivasse a dançar. Ele mesmo imagina sobre sua porta a inscrição:

"Moro em minha própria casa
Nada imitei de ninguém
E ainda ri de todo mestre
Que não riu de si também."

Em 3 de janeiro de 1889, Nietzsche sofreu um colapso mental. Conta-se que ele teria testemunhado o açoitamento de um cavalo no outro extremo da Piazza Carlo Alberto, e então correu em direção ao cavalo, jogou os braços ao redor de seu pescoço para protegê-lo e em seguida, caiu no chão.

Nos dias seguintes, Nietzsche enviou escritos breves conhecidos como Wahnbriefe ("Cartas da loucura") para um número de amigos como Cosima Wagner e Jacob Burckhardt. Muitas delas assinadas "Dionísio".

Embora a maioria dos comentaristas considerem seu colapso como alheios à sua filosofia, Georges Bataille chegou a insinuar que sua filosofia pudesse tê-lo enlouquecido.
A vida de Friedrich Nietzsche foi tão vigorosa quanto sua filosofia. O autor viveu similar a um ermitão. Sempre isolado, passou de gênio a louco, sofreu com duras críticas de estudiosos da época e aguentou o peso da carreira acadêmica ainda jovem. Nietzsche foi um mar de provocações, inventividade e genealidade!



desejo felicidadeS🙈🙉🙊
'MEMENTO MORI'💀


Daniel Bastos

Resultado de imagem para nietzsche nirvanaA seguir, um índice para você conhecer a biografia de Nietzsche, um resumo de suas principais idéias, livros para baixar e outros materiais interessantes:

Índice:

Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 -1900) filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor, nascido na atual Alemanha. 
  1. Nietzsche: biografia 
  2. Conceitos importantes
    1. A morte de Deus
    2. Übermensch (Além-Homem ou Superhomem)
    3. A Genealogia
    4. A Moral
    5. O Niilismo
    6. A “verdade” em Nietzsche
    7. Ascetismo e a vontade de nada em Nietzsche
    8. O niilismo em Nietzsche: decadência como um processo
    9. A moral em Nietzsche: o castrado e o espírito livre
    10. A figura de Sócrates em “O nascimento da tragédia”, de Nietzsche
    11. Religião como idealismo das massas
    12. O que é a Genealogia?
    13. O sujeito castrado e a igreja
    14. Homem enquanto animal doente
    15. Nietzsche e o Estado grego
    16. Deus Está Morto – Nietzsche
  3. Composições musicais de Nietzsche
  4. Influência no século XX
  5. 19 artigos sobre Friedrich Nietzsche 
  6. Biblioteca Nietzsche (mais de 100 títulos para download)

Fontes:
https://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/352101-professor-explica-por-que-ler-o-pensador-nietzsche-hoje-leia-capitulo.shtml

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Hoje é dia




Escritos pelo meu irmão e amigo Gustavo Martins, talvez tenham sido os versos que tive mais alegria e satisfação em ler esse ano.

Publicado originalmente em: http://douloseleutheros.blogspot.com

domingo, 12 de dezembro de 2010

Batalhas


Luto com meus pensamentos

luto com minhas atitudes

luto com os meus olhares

luto com os meus desejos

luto com minha carne



As veses



sou vencido pelos meus pensamentos

sou vencido pelas minhas atitudes

sou vencido pelos meus olhares

sou vencido pelos meus desejos

sou vencido pela minha carne



Então



luto com a fraqueza

luto com a vergonha

luto com a consciencia

luto com o erro

luto com a culpa



Busco



o arrependimento

uma nova chance

o renovo

uma nova força

o refrigério



Encontro



O perdão

uma nova batalha

novas lutas

uma certeza:

Luto contra mim mesmo





Daniel Bastos

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